domingo, 9 de outubro de 2011

Far

Saíram do carro após estacionarem próximo a garagem da casa dela. Tudo estava apagado, seus pais haviam viajado para casa de parentes que até mesmo ela desconhecia e ela ficou então sozinha, pelo menos até aquele momento.
Seu 'cavalheiro' do Mustang 78 branco a acompanhou e esperou que ela destrancasse a porta e assim pudesse gentilmente abri-la para ela. Em seguida, já dentro da sala de estar, ela como sempre precavida, voltou a trancar a porta e virou-se convidativamente para ele. Em segundos os braços robustos e aconchegantes do seu querido envolveram-na acariciando seus cabelos na nuca e deslizando os dedos por sua cintura. Ela olhou nos olhos dele e entregou-se aos encantos de tal momento mágico. Os lábios se encontraram, resolutos e imunes a tudo o que era externo.
Enquanto ele ainda a beijava, conduzia ambos ao aposento particular da sua amada fazendo com que seus pés e os dela dançassem como numa valsa curta, porém suficientemente prazerosa. Ele a deitou, agora com uma ligeira distância entre os rostos. Deslizou o indicador desde o lacrimal externo até o lado esquerdo do queixo dela e ela também deslizava os dedos, todos eles, pelas costas do seu companheiro subindo-lhe a camisa e tocando-o de leve nas costas.
Então, após trocaram olhares por um vagaroso espaço de tempo, se beijaram novamente, porém agora de forma mais intensa e aguda como a momentos atrás. Ela sabia que o tinha ali e isso já lhe era suficiente, a recíproca para ele era a mesma. Quando viram já estavam perdidos entre lençóis, colchas e roupas; felizes o suficiente até mesmo para respirar e poderiam deixar de praticar tal ato vital sem se preocuparem, caso fosse para sempre estar feliz dessa maneira.
Quando o compasso cardíaco de ambos voltou a responder normalmente, viraram-se frente um ao outro para se observarem. Ela poderia não ser a garota mais bonita dentre todas as outras e pudesse ter todos os pequenos defeitos em uma caixinha intitulada "TPM"; mas mesmo assim ele olhava para ela diversas e diversas vezes e a achava perfeita em seus defeitos. 
Ele poderia ser grosso, se mal humorado estivesse, e talvez fosse tímido ou introspectivo o bastante para não lhe dizer tudo o que sentia, mas quando ela olhava dentro dos olhos castanhos, quase claros, dele via toda a verdade dita (e não dita) e consequentemente isso lhe bastava.
Se beijaram, se abraçaram e trocaram suor outras e outras vezes; e a vez seguinte sempre melhor que a anterior e seguindo.
Nada a se preocupar, nada a temer, somente a sentir.
O céu clareou na janela e por fim ela acordou. Olhou para a cama em que só ela estava e percebeu que havia sonhado. Todo aquele bom momento compactado em horas de sonos. Viu então que não importava o quão ilusório fosse, ou o quão distante seu objetivo estivesse; fosse a um pensamento, rua, um bairro ou quilômetros de distância; ela sempre poderia tê-lo da maior e melhor forma possível em somente um fechar e abrir de olhos, mesmo que ele fosse só um sonho.

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