sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um café, por favor.

Texto  retirado do meu outro blog Inutilmente Sentimental feito para o blog Decepção Não Mata, Engorda.
São as mesmas 16hrs43min da tarde de mais um dia comum dentro de uma das cafeterias mais 'badaladas' da cidade. O som de Death Cab sai das caixas de madeira espalhadas pelo recinto de forma estratégica e muito bem bolada, e penso que gosto do fato do cara do balcão que agora acenou de leve para mim goste desse tipo de música. Estou entulhada de trabalho dentro da bolsa, em uma pasta que levo no braço e dentro da minha querida cabeça. A agenda cheia de anotações importantes e outras desnecessárias repousa pela mesa plana bem trabalhada que deveria ter sido comprada em um planejado só para se encaixar perfeitamente àquele lugar. Dei umas olhadas rápidas por entre as páginas rabiscadas e com um marca texto bem amarelo marquei a frase 'Jantar, na casa do Cadu às 20:00'. Se eu não fosse ele me mataria e simplesmente negaria ir comigo ao show do Sea Wolf no Sábado. O cara do balcão resolveu se mexer e vir aqui na minha mesa perguntar o que eu quero. 'Um café, por favor', eu disse e ele ficou olhando para minha cara como se estivesse preso em uma hipnose repentina. Ele voltou para o balcão e percebi que depois disso ele ficava olhando para mim de dois em dois minutos, e aquilo me irritava. Um cara alto, com botinas pretas sentou na mesa ao lado da minha e o cheiro de tabaco e bebida barata se expandiram pelo ambiente. Dei um riso murcho e voltei a atenção para a agenda como se estivesse interessante. Eu preciso relaxar, tomar umas biritas ou somente dormir por um longo período de tempo. O trabalho está me matando e eu peguei raiva de homens de uma semana pra cá (tirando o Cadu, porque ele é legal e gay). Meu café parece está sendo feito a lenha e com o fogo baixo quase apagando. Ou esse cara ta querendo me prender aqui ou a cafeteira que eles tem é um lixo. Eu fico com a primeira alternativa, a cafeteira deles reluzia de nova e metade das mesas com pessoas que chegaram depois de mim já haviam seus cafés postos, quentes e cafeinados. O cara veio trazendo meu café (percebi que era um dos últimos pedidos a serem atendidos, a cafeteria fechava às 17:00) junto com um guardanapo desnecessário. Eu olhei depois que ele se virou e ri medianamente e então ele girou o corpo novamente, vontando a minha mesa. 

'O que foi?', ele disse rindo
'Você está tensa demais... Quer sair?' eu reli o bilhete escrito no guardanapo. 
Ele ficou sem graça. 'Já entendi o seu não' e se virou. 
'Ei. Um café, por favor.' eu sorri. Quando ele se virou novamente eu disse: 
'Mas quero um da Antlantic. O daqui demora muito a chegar'. 
Ele riu e se virou. 'Espere eu fechar isso aqui'

Quinze minutos depois eu saia em um fim de tarde nublado conversando com o cara do balcão. Eu sei que ele é mais um cara, que pode ser mais um idiota, que vai me fazer chorar. Mas por enquanto ele é só um café e talvez seja nesse café que eu afogue as mágoas do idiota anterior. 

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